quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CRESCEMOS!


Sim, é inegável. Estar na 1ª Série do Ensino Médio significa transpor definitivamente uma "linha imaginável" entre a tal pré-adolescência e a adolescência em si. Mas qual é a diferença entre ambas? Melhor, o que é ser adolescente? 

Durante as aulas de Educação para Vida em Família do primeiro semestre deste ano, esta pergunta foi feita sob diversos aspectos. Mudanças sociais, biológicas, expectativas e percepções sobre si mesmo e sobre o outro... Questões complexas e belas. A partir destas reflexões, Luisa nos presenteou com este texto. Vale cada segundo investido na leitura.

Professora Cibelle Rosa


MEADOS DE JUNHO DE 2006

   
Acordei de um breve devaneio com um grito da professora de Geografia. A mulher não aguentava mais a bagunça e a falta de atenção por parte da sala.

- Acabou a brincadeira! - ela gritou, com o rosto bem vermelho e os cabelos revoltos. - Vocês não são mais crianças! Mesmo assim, a turma do 1º Colegial consegue ser pior que a da 3ª Série!

Não pude evitar ser levada por mais um devaneio. Dessa vez, voltei no tempo, lá para a 3ª Série!

2006. Meninos e meninas riam e conversavam. Em meados de Junho, as crianças se agitavam por causa do grande acontecimento do ano: a Festa Junina. Todos vestidos de caipira, sem se preocupar muito com a aparência. Danças inocentes e brincadeiras, cartinhas de amor transmitidas pelo correio elegante e casais de nove anos eram formados. Primeiro amor.

Uma bolinha de papel atingiu minha nuca.

- Volta pra vida, menina! Chega de brisar!- um valentão chamou minha atenção, e minha mente voltou para a escola. Percebi que a professora havia saído da sala. Não é qualquer um que consegue controlar uma classe com trinta alunos adolescentes.

Pensei então em como estava a minha vida no momento.

2012. Seis anos se passaram. As festas não eram mais harmônicas e inocentes como as do passado.  No lugar de refrigerante e paçoca, álcool e drogas. No lugar das músicas e danças de quadrilha, batidas eletrônicas e garotas descendo até o chão. Os vestidos rosa e com flores sumiram, e as bandagens curtíssimas entraram para substituir. Até os valores mudaram. Isso em apenas seis anos.

Sinceramente, não me lembro de quando ocorreu essa transição radical entre infância e adolescência. Só sei que, quando vi, não era mais criança. A sociedade me via de forma diferente.

Mas eu tenho orgulho de dizer que a criança não morreu. Uma parte de mim ficou eternamente nos meados de Junho de 2006.


Luisa Bono